segunda-feira, 8 de abril de 2013

Palavras que nunca direi...e quem sabe tu nunca irás ler.

De: A.
Para: F.

Hoje decidi escrever como se de uma carta se tratasse, pois quem sabe talvez um dia tu leias estas palavras, e percebas o que andei a fazer nos últimos 9 anos da nossa vida.
Não sabia por onde começar quando a pensei escrever, mas depois pareceu-me que o melhor seria o inicio por isso aqui vai.
À 9 anos atrás mais propriamente no dia 14 de Fevereiro de 2004 uma rapariga cheia de sonhos no auge dos seus 15 anos conheceu um rapaz e começaram a namorar. Ela era teimosa, ciumenta e possessiva e ele achava que o que ele fazia e como ele fazia era o correcto, mas mesmo assim aquele namoro continuou. Os meses foram passando, eles foram-se conhecendo e tudo foi-se tornando mais sério. A paixão surgiu e dela surgiu o amor.E ali estavam duas crianças que se estavam a conhecer e a descobrir o que era aquele turbilhão de emoções e hormonas.
Aquelas descobertas diárias eram o que dava alegria à vida e toda a sucessão de acontecimentos eram sinónimo de novas emoções. Tu na altura achavas que os teus amigos eram a prioridade e para estares com eles mentias e enganavas-me, para depois eu descobrir mais tarde e ser tudo um milhão de vezes pior.
Porém o tempo passou coisas importantes ocorreram nas nossas vidas e desde o inicio que os sinais estavam lá eu simplesmente não os queria ver. Em 2005 foi quando ocorreu a primeira situação que demonstrou logo a falta de companheirismo que tu virias a ter pelos seguintes anos. Será que tu alguma vez chegas-te a perceber como eu queria e precisava que lá tivesses estado, mesmo que fosse à minha espera no carro quando eu acabei de fazer a pior coisa que uma mulher pode fazer. Não claro que não, pois se tivesses percebido tinhas lá estado ou então tinhas ido ver-me a casa em vês de ires jogar à bola.Porém eu optimista achei que só tinhas 16 anos e que se calhar era demais exigir isso de ti e então perdoei, sem nunca esquecer claro a falta que me fizeste.
Com o passar do tempo surgiram as mentiras, que tu para te desculpares dizias que eram para eu não me chatear, as saídas com os amigos, as idas à discoteca que eu não gostava e até mesmo dizeres que estavas em casa quando afinal andavas na farra. E por cima de tudo isso eu passei uma esponja, pois eu pensava e ouvia os outros dizerem que a culpa era minha que eu era demasiado controladora e possessiva em relação a ti.
O tempo foi passando, milhares de discussões aconteciam e eu pensava sempre que era a culpada e acabava por ir ter contigo e pedia-te desculpa muitas vezes por coisas sobre as quais tinha razão e tudo sempre na tentativa de resolver a situação.E tu sempre com o teu ar de "ser mais poderoso" (já que era assim que gostavas de te auto- intitular) achavas que eu é que devia andar a correr atrás de ti. E o pior é que isso aconteceu durante todo este tempo.
Nós fomos crescendo, ganhando alguma maturidade e eu comecei a perceber que existiam sim algumas arestas a serem limadas no meu comportamento e fiz um esforço gigante para as moldar a ti, ao que era melhor para nós. E consegui,mas o pior é que tu não realizas-te o mesmo caminho e estagnas-te.
Quantas vezes fiquei doente e tu não estavas lá, acho que posso dizer que só estives-te presente 1 ou 2 vezes. Em contra partida eu estive sempre lá a tratar de ti como uma mãe trata de um filho, a dar-te o que tinha e o que não tinha para que ficasses feliz, para que fosses feliz.E este foi o pior erro, tratar-te como um filho...mimar-te.
Hoje percebo que afinal ter-te tratado como um príncipe só serviu para tu falares mal de mim e me deixares mal vista aos olhos dos outros.
Tu sabes quantas vezes eu chorei, eu deixei de comer, eu não dormi e só queria que o mundo acabasse porque tu não me querias na tua vida???? Não sabes, e eu digo-te porquê, porque tu nunca soubeste o que era a dor de perder quem se ama, a dor de achar que a outra pessoa deixou de gostar de nós e que afinal existe uma hipótese de a perder para sempre.Mas já chega-mos lá.
Continuando, gostava de te recordar aquele dia fatídico em que me ofendes-te no carro mesmo em frente aos nossos amigos, e achas-te que tinhas a razão do teu lado. Lamento informar mas perdes-te-a quando proferis-te aquelas palavras.E mesmo assim foste incapaz de pedir desculpa, admitir o teu erro.
E durante estes anos muito mais foi acontecendo, eu corria a atrás do nós e tu só te preocupavas contigo, com o que era o melhor para ti.
Toda a minha esperança que tu um dia ias mudar, morreu no dia da tua queima ou talvez não, já que eu mais uma vez te perdoei, quando todos os teus amigos tinham ao seu lado a família  as namoradas e tu, claro tinhas a tua mãe e deixas-te-me de fora, a mim que sempre te ajudou, apoiou e acompanhou nos piores e melhores momentos da licenciatura.
Eu tinha que estar sempre presente, pronta a ouvir e a ajudar e tu, o que é que tu fazias? Nunca quiseste  saber da minha escola, falar contigo por vezes era o mesmo que falar para uma parede pois as tuas coisas eram sempre a prioridade. Quantas vezes te pedi coisas insignificantes como ajuda-me com este trabalho ou faz-me la um favor e tu, nadaaaaaaa. Se tu soubesses como é  frustrante dar tudo e depois receber tão pouco. Sabes, quem ler isto vai pensar que eu sou uma parva, mas é essa a verdade eu sou ou era uma parva que te amava acima de tudo e de todos e que fazia tudo para não te perder e ver-te feliz. E é ai que eu quero chegar com esta conversa toda...eu quero dizer-te que tu fizeste pouco, não soubeste tratar e dar valor aquilo que tinhas, sempre achas-te que eu iria correr atrás de ti para sempre e que tudo iria continuar a ser mais do mesmo. O F. faz birra e a A. vai la ter com o menino para ele não ficar chateado, lamento é que tenhas percebido desta forma que quando se gosta cuida-se, dás-se valor, protege-se o amor e a pessoa que se ama como se tudo aquilo fosse o nosso maior tesouro.
Queres saber afinal quando é que eu percebi que tu nunca me irias dar aquilo que eu queria e precisava? Pois, eu vou dizer-te, que foi no dia 8 de Março deste ano quando eu olhei à minha volta, vi os namorados das minhas amigas e as suas famílias e percebi que o meu namorado, a pessoa mais importante da minha vida não estava lá. E não estava porquê...porque simplesmente não fez um esforço e não tinha o mínimo interesse em estar presente naquele dia tão importante. Foi ai que eu percebi que nunca irias mudar, que nunca irias ser capaz de pensar primeiro em mim e só depois em ti.Ficas a saber que eu preferia ter sido traída a ser esquecida.
E agora olha onde nós estamos, cada um para seu lado a sofrer à sua maneira porque tu devido a um comportamento meu percebes-te finalmente de eu te fugi pelos dedos, que afinal se perde o que se gosta e que nem tudo é efémero como tu pensavas.
Só lamento que tenhas arruinado, ainda alguma hipótese de ficarmos juntos um dia, porque sim não te iludas, tu um dia (espero eu) vais olhar para tudo isto com clareza e perceber que afinal eu até tinha razão, e ai vai ser tarde demais porque teres colocado toda a tua família contra mim foi sem dúvida o teu maior erro.Quantas e quantas vezes eu o podia ter feito e não fiz, por respeito a ti e por achar que era um problema nosso.Espero que tenhas a noção que se o tivesse feito os meus pais nunca te teriam tratado como um filho, pois nenhum pai gosta de ver e saber que a sua filha sofre porque o namorado lhe mente ou a ofende ou a desilude.
Muito mais haveria a dizer sobre estes 9 anos, muita coisa que aqui não foi escrita mas que dentro de mim está presente como se acabasse de acontecer. Só gostava que um dia tu soubesses que eu nunca deixei de te amar, simplesmente gostava que tivesses percebido que eu não era como um móvel que tu tens sempre a certeza que vai lá estar a não ser claro que te canses e livres dele.
Talvez um dia tu leias estas palavras ou quem sabe decidas finalmente ouvir-me decentemente, não como daquelas vezes em que eu falava e tu fingias que ouvias. E quem sabe se calhar nesse dia tu vais entender que o amor move montanhas, leva as pessoas a cometer as maiores loucuras e tornas-as capazes de fazer tudo por quem amam mas que um dia se os dois não percorrem esse caminho em conjunto a outra parte perde as forças, fica esgotada e decide desistir...Foi o que aconteceu, eu desisti, desisti de puxar por mim e por ti...fiquei exausta de carregar nas costas o peso de um amor que só eu alimentava, que só eu é que cuidava e protegia como se fosse o que de mais precioso eu tinha...
"Perdoa-se na medida em que se ama." François LaRochefoucauld,talvez esta seja a prova que eu precisava para finalmente perceber que tu não me amavas e que era eu que iludida achava que o meu chegava para os dois.

Até Um Dia,
A.

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